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3 de maio de 2011

Água das nossas vidas


Toda vida começa rasa, um fino fio de água que nasce de uma mina brotando suavemente. Com o tempo engrossamos nossas águas, em parte porque a experiência nos fortalece e porque outras vidas dão mais caldo aos nossos dias. Faz parte, pessoas entram e saem de maneira profunda, insana, superficial, efêmera, calorosa...é assim, sem desvios, essa água vai seguindo seu curso natural.

Depois de alguns anos de existência, temos mais escolhas baseadas nos desejos, sabemos o que queremos (ou não!) reduzimos nossos grupos de amigos, filtramos vários e percebemos que o tempo é precioso, não queremos desperdiçar nenhuma gota, é bom se lançar de cabeça nas coisas, mas com aquele medo de errar o julgamento e ter que começar tudo de novo, mas não desistimos, nossa vida já é como um rio largo e profundo, repleto de correntezas e sempre correndo lentamente para os braços do mar.

E quanto aos amores, buscamos força, fortaleza, carinho, feijão com arroz, isso mesmo, não estou maluco não, é o prato do dia a dia, é aquela ligação pra saber como estamos, é o elogio pela roupa nova ou corte de cabelo, o abraço apertado e o cafuné despretensioso nos cabelos.
E quantas vezes parece que não vamos conseguir, as vezes somos muito contraditórios querendo inquietação e repouso, mas renova-se a esperança a cada dia, e eis que quando o rio faz a curva e uma árvore se debruça sobre as nossas águas e algumas pedras nosso leito contorna, mas outras ele salta formando lindas cachoeiras.

Com uma chuva torrencial chamada paixão, o rio invade uma planície que se alaga formando um grande lago por causa do nosso amor. É quando finalmente as nossas águas misturadas em sua foz encontram o mar, mesmo que aqui ou ali tenhamos percalços ou diferenças como uma grande turbulência, ondas altas, mar revolto, mas depois vem a calmaria, o som delicioso do barulho do mar. A vida nos faz assim, sempre de chegada, sempre de partida, sempre fazendo um caminho novo, a nossa casa é aconchegante, mas somos do mundo, somos todos estrada sem fim.

Um comentário:

Carlos Resende disse...

Cara... Voce descreveu o amor na sua forma mais honesta. O amor que passa pela #200...