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25 de janeiro de 2012

Direito à Tristeza



Tristeza é um sentimento humano que expressa desânimo ou frustração em relação a alguém ou algo. A tristeza pode causar reações físicas como depressão, choro, insonia, falta de apetite, e ainda, reações emocionais, como o arrependimento. Essa definição é tão fria quanto a própria tristeza, é pálida, é sombria e quase desumana, isso mesmo, eu disse "quase", pois como diz o poeta, tristeza não tem fim, felicidade sim.

Esse post é pra lembrar desse sentimento que atinge a todos de diversas maneiras com as mais variadas intensidades. Outro dia conversei com uma amiga que na maioria das vezes a vejo super sorridente, ela é simpática e muito amigável. Apesar do seu largo sorriso, eu sempre vi que em seu olhar tinha um Q de tristeza, um reflexo de lágrima que teimava em não sair, fez do coração a sua moradia e tá complicado de sair.

Agora após uma conversa, ela se abre e conta de uma situação complicada que vive junto a família, e todos nós sabemos, o quanto é delicado a relação entre parentes e após ela desabafar, consegui entender sua dor tão contida e aprisionada. Na hora, sinto que é uma missão ajudá-la, devo oferecer piadas, conselhos, frases de efeito para que o sorriso volte... mas pensando bem ... não é isso que devo fazer não. Se a pessoa externou é que ela quer mante-la, aproveitá-la, aprender ouvindo de si mesmo aquelas palavras que no fundo machucam tanto. Faz parte da vida.

De lá pra cá, comecei a lembrar de várias conversas com outros amigos e não vi a sutileza do olhar dizendo: "ei, me escuta, tenho algo importante para partilhar" , mas não dei espaço, não fui um bom ouvinte, fazendo com que o parceiro se mantivesse distante, duro, e aprisionado naquele momento. Ou de uma maneira estúpida, só consegui fazer piadinhas. Só posso pedir desculpas nesse momento, do fundo do meu coração.

Sei o quanto é importante falar, abrir o coração nos momentos de dor e quero poder ser um ombro amigo, um alento para os que me cercam. Quero poder transmitir o entusiamos e acolhimento através do abraço e do olhar.   Não irei motivá-los, apenas os escutarei e deixarei que a tristeza tome conta do ambiente o quanto a pessoa quiser.  Não to ficando maluco, tenho certeza que muitas vezes as pessoas não querem sair do estado de tristeza, é um momento para ser vivido, mesmo que essa dor pareça estar arrancando as entranhas. Faz parte do aprendizado e digo mais: É bom também!

Acredito que as pessoas, os ambientes, os fatores externos, os acontecimentos, podem ser um apoio para o seu estado de alegria, mas nunca farão de você alegre se deseja ser triste, porque tristeza e alegria são realidades mentais, e só você tem livre acesso à sua mente. 
 
Foi você que criou a sua melancolia, envolvendo-se e fixando-se nos fatos desagradáveis que ocorreram. Desagradáveis porque você assim os chamou. Se não desse nome e nem lhes desse importância alguma, nem sequer estariam ocupando espaços da sua mente. 
Há pessoas que se desesperam, porque os ovos de galinha caíram e se quebraram; outras há que aproveitam os ovos quebrados, e fazem uma gostosa omelete. 

Só você pode fazer-se feliz, pode ter a coragem de mudar, de tentar algo novo, e de novo, de ir atras dos sonhos, da pessoa amanda, enfim... p
or mais comprida que seja a noite, uma coisa é certa, o amanhecer chegará

14 de janeiro de 2012

Afetividade Torta

Acho que o maior problema dos relacionamentos contemporâneos é da ordem gastronômica. Da forma como eu vejo - e talvez esteja influenciada pela fome da madrugada - as pessoas são como grandes tortas de sabores variados. Algumas a gente bate o olho e já sabe que vai gostar, às vezes só pelo cheiro. Outras vezes, a gente segue a intuição e só depois descobre que é alérgico a nozes, ou pior, que a torta em questão curte sertanejo universitário.
Mas, ao contrário do que você possa estar pensando, o problema dos relacionamentos contemporâneos não reside no fato de que somos tortas gigantes. Tortas são bonitas e gostosas, na grande maioria das vezes - exceto nas festas de aniversário em escritórios no centro da cidade. A tristeza da coisa está na constatação de que estamos vivendo uma espécie de comidaaquilorização da afetividade. Isso significa que, devido a alta oferta de tortas no mercado, ninguém consegue se focar em apenas um sabor.
O que temos hoje é uma porção de tortas sendo vorazmente garfadas e deixadas de lado, aos pedaços, disformes, tristes. Todo mundo quer um pedacinho de torta, uma fatiazinha fina do tipo "estou-de-dieta-não-quero-muito". Tem sempre alguém querendo dar uma mordiscada, uma lambidinha, uma passadinha de dedo marota. O que ninguém quer - ou tem coragem de fazer - é arriscar e levar a torta inteira para casa.
E essa é a grande lástima da nossa geração. Estamos acostumados a tirar lasquinhas de várias sobremesas e levar à balança do restaurante para pesar. É a insustentável leveza da torta mousse de chocolate e do cheesecake de framboesa. Estamos acostumados a ter muitas, muitas opções de comida. E de pessoas. Conheço gente que tem mais de 1.000 amigos no Facebook. Como se alguém fosse fisicamente capaz de ter mil amigos.
E qual é o resultado disso? Tortas garfadas e destroçadas, sem lugar cativo na geladeira de ninguém, vagando por aí, pelas noitadas, pelas festas, tristes, tortas. E, pouco a pouco, elas vão perdendo a doçura. Vão se tornando descrentes, azedas, estragadas pelo ataque dos garfos despretensiosos.
Somos tortas. Claro que somos comidas. Mas o que eu queria mesmo era experimentar a sensação de ser a preferida de alguém. Aquela que é levada dentro do pacote - o pacote completo, com todos os defeitos e qualidades, com todas as garfadas sofridas, com tudo aquilo que faz de mim a torta gigante que eu sou. Estou farta de me pedirem pedacinhos. Quero ser levada por inteiro.

Esse texto é da adorável psicotica Nathalia Klein, ela tem um blog e um sitcom no Multishow. Esse texto reflete bem os relacionamentos contemporaneos. Gostei da analogia.